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Publicado: 07.12.2017

O Museu da Paisagem foi apresentado à comunidade na conferência “A experiência do lugar: Olhares e registos da paisagem”.

No passado dia 30 de novembro, o Auditório Vítor Macieira acolheu a conferência “A experiência do lugar: Olhares e registos da paisagem”. O evento, que deu o pontapé de saída oficial do projeto “Narrativas e experiência do lugar: bases para um Museu da Paisagem”, foi aberto à comunidade escsiana e a todos os interessados nesta temática. No palco, um cenário composto por estiradores e adereços alusivos ao tema, como livros e mapas, acolheu os oradores convidados, que falaram um pouco sobre trabalhos que desenvolveram em torno da paisagem.

O Prof. Doutor João Abreu, responsável pelo projeto, deu início à sessão de abertura, acompanhado pelo Prof. Doutor Jorge Veríssimo, Presidente da ESCS, que destacou o “entusiasmo da equipa” e a pertinência deste trabalho em torno do rio Tejo, um tema que tem vindo a ser bastante abordado, quer pelos incêndios, quer pela situação de seca que assola o país. Por fim, João Abreu explicou que “a proposta desta conferência [foi] reunir o olhar de vários autores, com várias áreas de registo”, como o vídeo, a fotografia, a ilustração e a reportagem.

Conversas em torno da paisagem

A conferência iniciou com a visualização do documentário “A minha aldeia já não mora aqui” (2006), de Catarina Mourão, que trata a história da Aldeia da Luz, que ficou submersa devido à construção da barragem do Alqueva, e a forma como os habitantes viveram a transição para uma nova aldeia, construída de raíz. Seguiu-se um debate, moderado pela Prof.ª Margarida Carvalho, investigadora no projeto Museu da Paisagem.

Durante a conversa, a realizadora explicou que o filme surgiu das imagens e sons captados com o intuito de criar o Museu da Luz, por parte de uma equipa que integrou. Esse espaço é, agora, um repositório de memórias da antiga Aldeia da Luz. A realizadora sentiu que poderia usar esse material para contar a história da transição das aldeias, um “processo traumatizante” para as pessoas que lá habitavam. Apesar desta mudança ter acontecido em 2002, as imagens começaram a ser captadas em 1999, quando se soube que a antiga aldeia iria ser submersa.

De seguida, subiram ao palco dois profissionais que realizaram diários de viagem distintos alusivos à Estrada Nacional N.º 2. Paulo Moura, jornalista e docente na ESCS, falou sobre o livro “Longe do Mar”, no qual conta diversas histórias que foi conhecendo ao longo do percurso. “Passa-se muita coisa no interior. Portugal não é um país de brandos costumes. Muitas histórias deste livro são muito violentas”, explicou, relatando alguns exemplos. Por seu lado, João Catarino, ilustrador, falou sobre o percurso por esta estrada, na sua “carrinha pão de forma”, enquanto mostrava algumas ilustrações presentes no livro “EN2”.

Seguiu-se a exibição da curta-metragem “A luz da terra antiga” (2012), na qual o realizador Luís Oliveira Santos acompanha o trabalho do fotógrafo Duarte Belo, aquando da realização das fotografias do livro “Portugal, Luz e Sombra”. Nesta obra, o fotógrafo recria imagens do geógrafo Orlando Ribeiro nos mesmos locais, posições e enquadramentos originais. Duarte Belo subiu ao palco, acompanhado pelos professores João Abreu e Margarida Carvalho, para falar sobre o seu trabalho, mostrando passagens do livro.

Apresentação do Museu da Paisagem

Coube ao Prof. Doutor João Abreu encerrar o evento, apresentando o Museu da Paisagem ao público. O docente explicou que esta primeira fase do projeto tem a duração de 18 meses (de 12 de outubro de 2017 a 12 de abril de 2019) e que se pretende, durante este período, criar uma plataforma digital, complementada por dispositivos digitais e analógicos. Como tal, encontra-se em fase de desenvolvimento a aplicação móvel “One More Place?”, que pretende levar as pessoas à descoberta dos espaços paisagísticos. Esta aplicação está a ser desenvolvida em parceria com o ISEL, encarregue da componente da engenharia.

João Abreu defendeu que, “para as coisas acontecerem, tem de haver uma conjugação perfeita, quase um alinhamento” de diversos fatores e que, para esta primeira jornada, já têm “uma casa, uma equipa e um financiamento”, pelo que estão reunidas as condições para se avançar com o Museu da Paisagem.

Exposição “A experiência do lugar: olhares e registos da paisagem”

A conferência deu lugar à exposição coletiva de fotografia “A experiência do lugar: olhares e registos da paisagem”, resultado de um workshop ministrado pelo fotógrafo Duarte Belo, que decorreu na ESCS, semanalmente, entre 12 de outubro e a data de inauguração, com o objetivo de captar imagens da paisagem que envolve a Escola.

As fotografias são da autoria dos docentes e alunos que colaboram no projeto Museu da Paisagem e estarão patentes, no foyer do piso -1, até ao dia 12 de janeiro.