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Publicado: 26.04.2019

O projeto Museu da Paisagem foi concluído com uma conferência, na qual foram apresentados os resultados da investigação.

Sob a coordenação do Prof. Doutor João Abreu, o Museu da Paisagem foi apresentado à comunidade, no dia 7 de dezembro de 2017. A 11 de abril de 2019, o ciclo fechou, com a conferência "Museu da Paisagem: Narrativas e Experiências do Lugar", na qual se refletiu sobre a temática da paisagem e se apresentou o trabalho desenvolvido ao longo do projeto de investigação. O evento terminou com a inauguração da exposição “Texturas Impermanentes: Paisagens do Tejo”, patente, no foyer do piso -1 da ESCS, até ao dia 16 de maio.

Sessão de abertura

O Presidente da ESCS, Prof. Doutor André Sendin, deu início à sessão, destacando o projeto como uma “referência no contexto da investigação que se faz na Escola”, bem como o empenho e dedicação da equipa que o desenvolveu. “É um projeto de grande qualidade”, afirmou.

Por seu lado, o Prof. Doutor Elmano Margato defendeu que “a função de uma instituição de Ensino Superior não se restringe ao binómio ensino-aprendizagem”, referindo-se à componente de investigação como “indispensável à evolução do conhecimento”. O Presidente do Politécnico de Lisboa sublinhou o projeto como um contributo “para a literacia ambiental e paisagística dos cidadãos”.

Oradores convidados

A conferência contou com o contributo de profissionais ligados à temática da paisagem. Numa conversa moderada pela Prof.ª Doutora Maria João Centeno, José Sá Fernandes, Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, debruçou-se sobre o percurso do rio Tejo como “algo que comunica uma série de comunidades”, criando “coesão social”. Álvaro Domingues, geógrafo e docente na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, referiu que “vimos de uma tradição que pensava que uma paisagem era uma coisa estável”, o que não acontece, na medida em que há uma “modernização que aconteceu em pontos específicos” do país, nomeadamente, através da “desruralização” que se deu após a guerra. “É este processo que desestabiliza os padrões de paisagem existentes”, defendeu.

Na segunda parte da conferência, Luís Afonso, fotógrafo de paisagem, partilhou com a plateia a sua “história de amor” com o polje de Mira-Minde – um lago situado no município de Porto de Mós que nasce a partir de um lençol de água subterrâneo e que enche nos meses de chuva –, através do seu arquivo fotográfico. “A paisagem é fundamental para ser aquilo que sou na fotografia”, explicou.

Apresentação de resultados

O Prof. Doutor João Abreu encerrou o evento com a apresentação do trabalho desenvolvido. O docente explicou que, para a equipa, foi importante “conhecer o território” da Bacia Hidrográfica do Tejo, para saberem o que queriam contar. Foi, por isso, realizada uma visita a cerca de 750 pontos, por todo o país, dos quais foram escolhidos 48, que deram origem à mesma quantidade de temas diferentes, disponíveis para consulta no site e nos dois livros publicados: O Que Há Neste Lugar? Guia de Exploração da Paisagem, uma “introdução [ilustrada] à análise e leitura da paisagem”, e Ler a Paisagem: Território Tejo – Itinerários para a interpretação da Paisagem, o resultado dos registos recolhidos, em texto e imagem. Deste projeto, resultaram, também, um e-book, uma aplicação móvel (quase finalizada) e a sede online do Museu da Paisagem, onde estão patentes três exposições digitais.

No rescaldo, João Abreu lembrou o “trabalho intenso” e a “dificuldade em coordenar uma equipa tão grande”, composta por alunos, ex-alunos, professores, parceiros e colaborações externas. O docente terminou com uma citação de Gonçalo Ribeiro Telles: “A paisagem começa na nossa mão”.

Exposição

A seguir à conferência, foi inaugurada a exposição “Texturas Impermanentes: Paisagens do Tejo”, com curadoria da Prof.ª Doutora Margarida Carvalho. O espaço conta com um conjunto de fotografias captadas nos diversos pontos de observação do projeto. Através do recurso a QR Codes, os visitantes poderão identificar os lugares, bem como ter acesso a textos e outras imagens relacionadas. Num outro painel, está contemplado o processo de investigação desenvolvido, que deu origem às peças apresentadas na exposição.