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Publicado: 28.03.2019

A ESCS e a Fundação Portuguesa de Cardiologia reuniram profissionais de diversas áreas, que refletiram sobre questões relacionadas com a Comunicação na área da Saúde.

O Auditório Vítor Macieira acolheu, no passado dia 27 de março, o colóquio “Investigação e Comunicação em Saúde”, uma organização da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) e da ESCS. O Prof. Doutor André Sendin, Presidente da Escola, e o Doutor Luís Brás Rosário, Médico Vogal da Comissão Executiva da FPC, deram início à sessão.

Promover a Saúde

O primeiro painel, intitulado “Promover a Saúde”, contou com o contributo de profissionais da Saúde, da Comunicação e do Desporto. Hermínio Santos, Diretor Geral de Clientes da LPM Comunicação, moderou a conversa, questionando os oradores sobre de que modo a internet e as redes sociais são benéficas ou não para a divulgação de informação. Elsa Feliciano referiu-se às mesmas como “um excelente veículo” de promoção de questões ligadas à saúde, alertando, no entanto, para o facto de existirem “muitas ideias e conceitos errados”. Para a Assessora de Nutrição da FPC, é necessário “promover uma literacia, de forma validada e cientificamente correta”. Luís Brás Rosário também chamou a atenção para os perigos do online, no qual estão disponíveis “publicações aparentemente científicas”. O médico sublinhou que existe um “descontrolo de informação", fruto do Dr. Google. Como tal, defendeu que “cabe a instituições como a FPC ter conteúdos fidedignos, nos quais as pessoas possam ter confiança”. Por seu lado, o judoca Nuno Delgado defendeu que, tal como no judo, “cada um de nós é um mestre de Comunicação”. Contudo, é necessário ter a “humildade de aprender a comunicar com profissionais” da área.

Comunicar a Saúde

O Prof. Francisco Sena Santos moderou a segunda conversa da manhã e começou por defender que “temos um problema de comunicação em saúde”, no sentido em que, pegando em expressões usadas no painel anterior, “devemos desconfiar do Dr. Google e da Dr.ª Televisão”. A Prof.ª Doutora Carla Medeiros falou sobre os “alimentos funcionais”, aqueles que acrescentam um valor, para além do de nutrir, alertando para o facto de a publicidade destes ser, “muitas vezes, omissa”, relativamente a informações que deveriam ser dadas ao consumidor. A docente, investigadora e jornalista Fátima Lopes Cardoso mencionou que as questões de saúde são retratadas pela “negatividade” no jornalismo generalista, que tem uma “abordagem muito superficial”, ao citar outras fontes, “em vez de estudos ou da própria Organização Mundial de Saúde”. Já a Prof.ª Doutora Tatiana Nunes falou sobre a importância das instituições do Terceiro Setor, que têm como missão “promover a saúde e a qualidade de vida dos doentes e familiares”. A também coordenadora de comunicação da Associação Alzheimer Portugal mencionou, ainda, o facto de muitas instituições não terem meios para contratar “profissionais qualificados para promover campanhas”. Henrique Silva, docente da Escola e Marketing & Sales Director na Hollyfar, referiu que as revistas científicas e os meios generalistas servem “propósitos diferentes”, no sentido em que as primeiras são direcionadas a “públicos específicos”, sejam farmacêuticas, laboratórios, entre outros. “A comunicação deve estar adaptada ao target”, defendeu. Por seu lado, Vasco Thomaz, Diretor Criativo da MSTF Partners, a agência responsável pelas campanhas da FPC, mencionou que “não há promoção do que não tem indústria associada, [uma vez que] não gera negócio”, referindo-se ao défice de comunicação no interesse público. Por seu lado, as campanhas devem transmitir “emoção”, na medida em que “a saúde é uma área fria e negativa”. Para terminar, o Prof. Francisco Sena Santos sublinhou a ideia transversal aos dois painéis do colóquio: “é preciso repensar a comunicação em saúde”.