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Publicado: 18.01.2019

 

PERFIL JORN: André Carvalho Ramos

 

Jornalista há dez anos, André Carvalho Ramos faz, atualmente, parte de uma equipa de investigação da TVI.

André Carvalho Ramos sempre quis ser jornalista. “Nunca houve uma segunda opção”, afirma. Após terminar a licenciatura, o escsiano começou o seu percurso profissional na TVI. Passou, depois, pela CMTV e pela RTP, antes de regressar à primeira estação televisiva que o acolheu e onde tem evoluído, vai para cinco anos. Hoje em dia, faz parte de uma equipa de investigação coordenada pela jornalista e docente da ESCS Ana Leal.

Ligação ao mercado de trabalho

Na altura de se candidatar ao Ensino Superior, André procurou referências. Durante a pesquisa, conheceu alguém da ESCS que lhe falou sobre a “adaptação da vertente teórica e académica àquilo que é necessário no mercado de trabalho”, o que o levou a colocar o curso de Jornalismo como única opção de candidatura.

Ao longo da licenciatura, conciliou as aulas com o E2, onde desempenhou funções de repórter e apresentador, e ajudou a “lançar as primeiras pedras da ESCS FM”. Por sugestão de docentes, realizou, também, trabalhos pontuais fora da Escola. “É a mais-valia da ESCS: ter professores ligados ao mercado de trabalho, que, sabendo da oportunidade A ou B, encaminham os alunos, consoante os seus perfis”, defende.

Componente académica

André salienta a ligação da Escola “à parte prática e à realidade do dia-a-dia do Jornalismo televisivo” que foi, para si, “muito importante”. Hoje em dia, “graças ao E2 e a algumas disciplinas da ESCS”, não só sabe desempenhar a sua função enquanto repórter como, também, está capacitado para captar e editar vídeo. “Consigo fazer tudo, do princípio ao fim da produção de uma notícia”, afirma. Deste modo, quando pede algo ao seu colega repórter de imagem, já sabe o que é ou não possível realizar. “São ferramentas que são muito definidoras do resto da tua vida”, explica.

Das aulas, gostava “até daquelas que, normalmente, as pessoas não gostam”, como Semiologia ou Análise Económica, porque conseguia extrair sempre “aplicabilidade dessas disciplinas”. O escsiano destaca, ainda, algumas unidades curriculares específicas do curso: História e Política do Mundo Contemporâneo, com a Prof.ª Maria Inácia Rezola; Sociologia Política, “decisiva” no seu percurso profissional, quando começou a trabalhar na área; Ética e Deontologia do Jornalismo, com Prof. Oscar Mascarenhas, um “dos maiores ensinamentos”; e as aulas do Prof. Jorge Trindade, que foram “quase como aprender Português outra vez”. “A componente académica é muito forte e muito boa. Está pensada, ao longo dos três anos, a nível evolutivo”, defende.

Percurso profissional

Quando terminou o curso, em 2011, o escsiano começou por realizar um estágio, de seis meses, na TVI. Depois, passou por um estágio profissional na RTP, onde esteve durante um ano. Em 2013, mudou-se para a então recém-fundada CMTV, trabalhando exclusivamente na vertente de Política e, na fase final da atividade, também na edição do Jornal da Meia Noite. Passado um ano, regressou à TVI, onde exerce funções desde então.

Evolução na TVI

André voltou à TVI, em março de 2014, para trabalhar na secção de Política, especificamente, no partido CDS. “Nós dividimos por partido [porque] é necessário conhecer bem as pessoas, a forma como elas pensam e quem é que apoia quem”, esclarece. Ao longo do percurso, cobriu, ainda, a campanha eleitoral do atual Primeiro-Ministro, António Costa, e a campanha eleitoral às Presidenciais de 2016. A partir daí, integrou a equipa de investigação dos Panama Papers, acompanhou vários eventos relacionados com a banca e foi autor de grandes reportagens.

 

 

 

O jornalista contactou com diversas realidades que o marcaram particularmente. Em 2016, dedicou-se à crise de refugiados na Europa, realizando duas grandes reportagens: “Indesejados” e “Indesejados: um ano depois”. “Não escondo que, às vezes, fazia entrevistas no terreno e tinha de me afastar para chorar, porque é duro ver aquilo com os próprios olhos”, conta. Mais recentemente, em outubro de 2018, esteve na Cisjordânia no âmbito de uma reportagem sobre o abuso militar de Israel contra os palestinianos. “Chegar lá e ver que o Estado Palestiniano foi completamente ostracizado, ver que há um regime de apartheid contra aquelas pessoas e olhar para o muro e ver que aquele muro existe, choca-me”, lembra. Já a nível nacional, recorda os incêndios de 2017. “Estive nos dois, em Pedrogão Grande e nos de outubro, e chegar àquela estrada onde morreram mais de 40 pessoas é um choque emocional”, conta. Apesar dos episódios mais difíceis com os quais tem de contactar, o escsiano explica que o que mais o cativa na profissão é “dar voz a quem não a tem”.

André, que integra, atualmente, a equipa de investigação da jornalista Ana Leal, explica que este “trabalho é muito minucioso” e requer, muitas vezes, levar tarefas para casa. “Implica uma dedicação plena, porque estamos sempre a receber informações e denúncias das nossas fontes”, sendo necessária a “aferição e verificação” das mesmas. Porém, “o resultado final compensa e faz com que o esforço, até de anulação da vida pessoal, valha a pena”. O escsiano é inteiramente responsável pelas histórias das suas reportagens e pela forma como estas são contadas. “Se há coisa que não me tem faltado na TVI são oportunidades para crescer e para me desenvolver”, defende.

Os valores certos

“A ESCS, para além da parte prática, deu-me os valores certos”, conta o antigo estudante. Para tal, contribuíram fatores como os “ensinamentos importantes sobre bom jornalismo”, transmitidos por profissionais da área e docentes que dão “a base académica para fazermos um trabalho devidamente sustentado e verificado”. André destaca que foi “uma oportunidade gigante” ter tido aulas com nomes de referência, como Daniela Santiago e Ana Leal, com quem já trabalhou, posteriormente, em ambiente profissional. “Quem quer ser jornalista deve de passar pela ESCS”, conclui.

Por fim, desafiámos André Carvalho Ramos a responder a uma espécie de Questionário de Proust:

Um objeto essencial para o teu dia-a-dia.

O meu telemóvel e o meu Spotify ligado.

Uma música ou uma banda.

Eu tendo sempre a ir para o mais recente, mas há um que me acompanha sempre, que é o Chet Baker, que eu adoro.

Um livro ou um escritor.

Estou a terminar um que estou a adorar, que ainda não tinha lido. 1984, de George Orwell.

Um filme ou um realizador.

The Tree of Life, de Terrence Malick.

Uma série.

House of Cards.

Papel ou digital.

Papel

Redação ou exterior.

Exterior.

Uma referência profissional.

Inevitável: Ana Leal, Daniela Santiago. E vou dar uma internacional: Christiane Amanpour.

Quando for grande, quero ser.

Parece simples, mas não é: Feliz.


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