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Publicado: 14.03.2013

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a Associação de Estudantes da Escola Superior de Comunicação Social (AEESCS) organizou a conferência “A Mulher na Publicidade”. O debate teve como tema principal o papel do estereótipo feminino nas campanhas publicitárias.

[Fotografia] "Se [o esterótipo] existe na publicidade é porque existe na sociedade", disse o Prof. Doutor Jorge Veríssimo.

Decorreu, no passado dia 8 de março, a conferência “A Mulher na Publicidade”. Este debate contou com a presença do Presidente da AEESCS, Rúben Pardal, da Prof.ª Doutora Sara Magalhães, doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, e da Prof.ª Doutora Silvana Mota-Ribeiro, doutoranda do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. A moderação do debate ficou a cargo do Prof. Doutor Jorge Veríssimo, Presidente da ESCS, que deu o mote para o início do debate: “O corpo da mulher na publicidade é reflexo da própria sociedade, porque a publicidade é um reprodutor social, ao mesmo tempo que acaba por legitimar esse tipo de comportamentos”.

Sob um olhar feminista

Sara Magalhães abordou o tema “sob uma perspetiva feminista”. A investigadora referiu-se ao projeto Observatório das Representações de Género nos Media que “serve para alertar a população para as desigualdades de género nos meios de Comunicação Social, para que estas situações de discriminação ganhem mais visibilidade”. Segundo a representante da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), “as reclamações feitas junto da Entidade para Regulação do Consumo e junto da Comissão para a Igualdade e Cidadania acabam por não ter efeito, porque dois anos depois, a mesma marca volta a fazer o mesmo tipo de publicidade discriminatória”, violando princípios de igualdade entre homem e mulher. Silvana Mota-Ribeiro analisou este debate “sob uma perspetiva semiótica onde a questão do género na publicidade não deve ser mensurável relativamente à apresentação dos sexos, mas antes analisada segundo o significado de cada imagem utilizada”. No entender da investigadora, “a publicidade é um espelho alterado das tendências e valores da sociedade”. E apesar de existirem mais mulheres doutoradas e de se assistir a uma “feminização do jornalismo em Portugal”, os cargos de direção continuam a ser ocupados por homens. A análise que Silvana Mota-Ribeiro fez, ao longo dos anos, de muitas revistas feministas portuguesas “serviram para constatar que há padrões e critérios de beleza extremamente definidos”, no que diz respeito ao corpo da mulher na publicidade, “que aparece sempre associado à magreza, juventude e beleza”.

Pró-atividade nestes atos de cidadania

Para Rúben Pardal, estas iniciativas “mostram pró-atividade e a dinâmica da Escola em abordar temas raramente falados ou debatidos, trazendo reconhecimento à nossa academia”. Para os alunos, estes debates são uma mais-valia, pois tratam de questões “saudáveis para o crescimento inteletual dos nossos colegas”, disse. Rúben não considera que os media transmitam uma imagem redutora da mulher, “pois cada vez mais o estereótipo de mulher ideal e de beleza se tem alterado, com a ajuda das marcas, levando os media, por exemplo, a aceitar em campanhas publicitárias, diferentes tipos de mulheres, independentemente da idade, profissão, altura e peso”. Segundo o Presidente da ESCS, “esta iniciativa demonstra que os alunos têm um papel fundamental na vida das instituições”. As convidadas congratularam a AE pela conferência e valorizaram a iniciativa. “É um prazer ver o auditório cheio de alunos. Parabéns à AEESCS e aos vossos professores por vos mobilizarem para estes actos de cidadania”, concluiu Silvana Mota-Ribeiro.