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Publicado: 07.12.2012

O Auditório da ESCS esteve praticamente lotado para assistir à primeira edição das Bright Talks. O evento, organizado por duas alunas da Escola, teve mais de quatro horas de duração, onde a expressão “think out of the box” teve todo o seu significado.

[Fotografia]: As organizadoras do evento, Carla e Patrícia Coutinho.

As Bright Talks decorreram no passado dia 29 de novembro no Auditório Vítor Macieira. Esta iniciativa foi organizada pelas estudantes da ESCS Carla Coutinho, aluna do 2.º ano de Publicidade e Marketing (PM) e Patrícia Coutinho, aluna do 2.º ano de Relações Públicas e Comunicação Empresarial. Ambas entusiastas por este tipo de eventos tiveram a ajuda dos colegas João Luís Valente e Bernardo Moisão. As alunas contaram com a colaboração da Direção da Escola “que desde o início se mostrou recetiva à ideia que o evento se realizasse na ESCS” ,disseram as organizadoras. A palestra foi moderada por César Neto, professor na ESCS, e contou com a presença de quatro oradores, todos ligados à área da publicidade, que falaram da importância de pensar de maneira diferente e da necessidade de ter um espírito empreendedor.

[Fotografia]: Miguel Velhinho, César Neto e Carlos Coelho.

Meritocracia do talento

O primeiro orador do primeiro painel foi Miguel Velhinho. Professor na ESCS, CEO do Projeto Manhattan e fundador da plataforma Idea Hunting, apresentou a sua “fórmula para o sucesso”. Mas existem facilitadores de sucesso (como por exemplo ser filho do patrão) que podem interferir no resultado final da fórmula. “O elemento decisivo desta equação é o talento. Quanto mais uso lhe dermos, mais aguçado fica”, explicou o docente. E foi esta fórmula que Miguel Velhinho tentou aplicar a um modelo de negócio diferente: o crowdsourcing. Após uma breve explicação sobre o funcionamento do crowdsourcing, o professor referiu que “o crescimento global de projectos gerados por crowdsourcing tem aumentado exponencialmente (…) e em termos de trending o Google mostra que as pessoas estão a falar mais de crowdsourcing que de publicidade.” O docente terminou a sua exposição mencionando que o idea hunting lhe ensinou que o talento não tem idade, cidade ou profissão, qualquer pessoa pode ter uma boa ideia e que existe neste modelo de produção uma “meritocracia do talento”.

Portugal é genial

“Como devolver o sorriso a Portugal?”. Foi com esta pergunta que Carlos Coelho, Presidente da Ivity Brand Corp, iniciou a sua palestra. Além do apelo aos portugueses para não olharem o país de forma negativa e criarem condições para fazer da marca Portugal, uma marca com grande potencial. “Temos de mudar o país”, disse. Portugal está inserido num mercado global, por isso é necessário importar o que não se consegue fazer e exportar o que de melhor se faz no nosso país. O criativo pede uma maior aposta na marca Portugal e na maneira como os produtos portugueses são vistos no estrangeiro, “aos olhos dos outros, as nossas marcas são das melhores do mundo”, por isso, devia-se rentabilizar esses produtos. Segundo Carlos Coelho, “temos de fazer de Portugal uma grande central criativa” e os portugueses têm flexibilidade mental e imaginação suficiente para criar coisas que não existem. E concluiu: “uma marca de um país só terá sucesso se for reflexo genuíno, mas contemporâneo da alma do povo e alma é coisa que não nos falta. Portugal é genial”.

[Fotografia]: A experiência de Edson Athayde e a irreverência de André Rabanea.

O contador de histórias

Edson Athayde, um dos publicitários mais premiados da história de Portugal, tendo recebido centenas de prémios e nomeações em festivais nacionais e internacionais de publicidade (entre eles, ganhou 7 Leões em Cannes), foi o primeiro orador do segundo painel. “Qual o significado de Storytelling?”. Foi esta questão que Edson Athayde colocou ao Auditório, mostrando que, para pessoas e marcas, é importante saber contar histórias, através de palavras e imagens. “Um bom storyteller cria interesse no recetor”, disse. O publicitário contou a história da sua vida utilizando a história da narrativa. A passagem por várias agências de publicidade e várias localidades brasileiras, até à sua chegada a Lisboa, tornaram Edson num homem diferente. Durante a sua estadia nessas cidades, Edson retirou algumas lições de vida, as quais partilhou com o público: “existem várias culturas dentro de uma cultura”; “aos 23 anos você pode (ou deve) recomeçar a sua vida”; “quem vive a adiar pode perder a hora certa”; “nem todas as promoções são uma boa notícia”; “a “Meca” dos outros pode não ser a sua”; “a sua casa pode estar onde menos se espera” (quando chegou a Lisboa). Este é o Edson Athayde que conhecemos hoje, que saiu da sua zona de conforto em 1986 e escreveu a sua própria narrativa.

Vender ideias que possam mudar o mundo

André Rabanea contou de uma forma descontraída e com muito humor as peripécias que percorreu para procurar o primeiro emprego na área da publicidade até aos dias de hoje, como fundador e CEO da TORKE + CC. Rabanea explicou como criou a TORKE, a primeira empresa de marketing de guerrilha em Portugal. Por palavras suas, explicou o conceito de marketing de guerrilha, “se a ideia for boa e barata, as redes sociais e os jornalistas espalham a ideia, assim não é preciso gastar dinheiro em publicidade”. André fez referência a algumas campanhas da TORKE em Portugal, como por exemplo Fox, Citroen, Peugeot, Forretas e da iniciativa “Arte Urbana”, que valeu à Torke um Leão de Bronze, no Cannes Lions International Festival of Creativity. “A ideia pode ser barata, mas pode chegar a muitas pessoas”, disse o publicitário, referindo-se à campanha “Lyoncifica o teu nome”, uma ideia que custou 38 euros e chegou a metade das pessoas que utilizavam internet em 2011. André lembrou os presentes que “o mercado publicitário está a dar trabalho a pessoas com boas ideias” e que “o maior concorrente para uma agência de publicidade é alguém com uma ideia”. O jovem publicitário, com a sua atitude irreverente, conseguiu captar a atenção do público até ao fim da sua palestra.

Pelo feedback que tiveram nas redes sociais, Carla e Patrícia garantem que as Bright Talks foram um sucesso. Um evento bem organizado e que se espera que tenha continuidade no futuro. “Pretendíamos um tema inspirador para esta iniciativa e motivar os alunos a serem pró-ativos e a pensarem mais além”, revelaram as organizadoras. “E vamos trabalhar para que no próximo ano exista uma 2.ª edição”.