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Publicado: 02.02.2018

 

Perfil AM: Miguel Pimenta

 

O escsiano Miguel Pimenta, licenciado em Audiovisual e Multimédia, realizou o documentário Sem Fazer Planos do Que Virá Depois.

Miguel Pimenta é licenciado em Audiovisual e Multimédia e, atualmente, é operador de câmara e editor de vídeo na RTP. O escsiano é um dos autores de Sem Fazer Planos do Que Virá Depois, o documentário que conta a história da canção Amar Pelos Dois, vencedora do Festival Eurovisão da Canção 2017. O filme foi transmitido, em dezembro, no horário nobre da RTP1.

Veja aqui o trailer do documentário Sem Fazer Planos do Que Virá Depois:

Ainda na ESCS e já com ‘uma perninha’ na RTP

Miguel terminou o Ensino Secundário sem certezas sobre que curso escolher. “Não sabia o que queria”, assume. Foi um amigo que lhe indicou o caminho: “Tu és criativo, por que não Publicidade?”. Depois de uma pesquisa “rápida”, descobriu o site da ESCS e foi então que deu de caras com o curso de Audiovisual e Multimédia, no qual acabou por ingressar, em 2010. O ex-aluno conta que foi “a parte técnica” que o conquistou.

A meio da sua estadia na Escola, fez um interregno para participar na 2.ª edição da Academia RTP. Miguel concorreu em conjunto com a colega Catarina Peixoto e, durante nove meses, “mudámo-nos de malas e bagagens para o Porto”, cidade que acolheu a iniciava. A dupla desenvolveu o projeto Acreditamos na Mudança, que viria, depois, a ser transmitido na televisão nacional.

De regresso à ESCS, Miguel estava longe de pensar que o futuro lhe reservava um desafio profissional.

“Se não fosse a Academia RTP, eu não estaria onde estou hoje”

Foi na Academia RTP que o ex-aluno conheceu Gonçalo Madaíl, o então diretor do projeto e docente na ESCS, que, a um mês da conclusão do curso, o convidou para integrar um novo projeto que estava a nascer: o Centro de Inovação da RTP. Miguel aceitou o desafio e, desde então, trabalha na RTP como operador de câmara e editor de vídeo. “Foi um conjunto de astros e de sortes que se conjugaram a meu favor”, comenta, com humor.

O jovem de 25 anos estreou-se na cobertura do Optimus Alive 2014. “Foi o delírio total”, conta, sublinhando a “pressão constante”. “Passava o tempo sentado a editar”. Miguel revela, em tom de brincadeira, que “todos os anos, vou [ao festival], mas nunca vejo os concertos”, pois “não há tempo para mais nada”.

O escsiano destaca outros dois projetos que o marcaram na RTP: o Toca a Todos e a renovação da RTP Memória. Em relação ao primeiro, define-o como “muito arriscado”, acrescentando que “cá em Portugal, nunca se tinha visto nada assim”. Quanto ao segundo, confessa, com orgulho, que a RTP Memória “está, hoje, muito mais jovem”.

A azáfama em Kiev

Miguel integrou, pela primeira vez, a delegação portuguesa do Festival Eurovisão da Canção, em 2015, em Viena de Áustria, cabendo-lhe a tarefa de captar e editar peças para transmissão nos programas de daytime da estação de televisão pública. “Foi muito cansativo – dormíamos duas ou três horas por dia –, mas desafiador”. Em 2017, voltou a repetir a dose. Mas, desta vez, “foi a loucura total”, devido ao fenómeno de popularidade em torno de Salvador Sobral.

O trabalho de Miguel consistiu em retratar “o mais fielmente possível” o que se passou em Kiev, “para que as pessoas em Portugal nos pudessem acompanhar”. À chegada à capital ucraniana, o jovem não tinha a noção do que viria a acontecer. “Depois, ganhámos”, remata, com humor.

Por essa altura, a ideia do documentário ainda não existia. Contudo, Miguel revela que o seu colega de realização, Nuno Galopim, “já andava a magicar” algo. “Podemos fazer alguma coisa [com as imagens]”, confidenciou-lhe Galopim. Por isso, Miguel pegou na câmara e captou tim-tim por tim-tim o que aconteceu no último dia do festival. “Gravei tudo e, pronto, ganhámos”.

Portugal ganha e a obra nasce

E eis que se materializa a ideia do documentário. “É uma grande responsabilidade”. Foi assim que Miguel reagiu quando lhe deram a incumbência de partilhar a realização do filme com Nuno Galopim. A premissa era: “passar para cá o que aconteceu lá, o que nós sentimos e vivemos lá”. O escsiano conta que a co-realização foi um trabalho de “sintonia”. “Tínhamos uma ideia clara do que queríamos”.

Já em Portugal, gravaram entrevistas, editaram – que “foi mais complicado do que o que estava à espera, porque, a partir de certa altura, tínhamos muito material” –, e, em dezembro, foi para o ar a minissérie de dois episódios. Miguel diz que o feedback foi “positivo”. “É muito gratificante saber que a mensagem chegou ao recetor”, afirma, com um tom de missão cumprida.

De referir que a equipa de produção do documentário incluiu outros dois escsianos, Francesco Cerruti e Madga Valente, que “fizeram um trabalho estupendo”, destaca.

A importância de aprender (a errar)

Regressemos aos tempos da ESCS. Tanto quanto lhe foi possível, Miguel envolveu-se em experiências extracurriculares. Foi o “Safado” na escstunis, passou pelo E2, no qual, para além de operador de câmara e editor de vídeo, foi apresentador, e fez parte da equipa de produção da 2.ª edição dos Prémios Tripla. O ex-aluno explica que, nestes projetos paralelos, é “possível pôr em prática aquilo que aprendemos no curso”, sublinhado a “enorme margem para errar”. “O hábito faz o monge” e “convém ter alguma prática de errar, para que, mais tarde, não me espalhe ao comprido”. Mas, para além da componente técnico-prática, ressalva que estas atividades também proporcionam competências sociais e profissionais.

Miguel considera que a passagem pela ESCS contribuiu para o profissional que é hoje, não só pela componente prática, mas também concetual, pois “tenho de pensar na melhor forma de passar a história”. Quando questionado sobre se aconselharia a ESCS a um candidato ao Ensino Superior, a resposta é inequívoca: “Sim, sempre”.

Viver sem fazer planos...

Neste momento, Miguel Pimenta está a trabalhar no Festival RTP da Canção e no Festival Eurovisão Canção. “Até maio, não vamos respirar”, desabafa, pois é algo que “nos exige tempo e dedicação”. Por isso, não é de estranhar que lhe sobre pouco tempo para Os Amélia, o projeto musical que partilha com Ana Freitas-Branco. “Gostávamos que isto fosse algo maior do que aquilo que é; quem sabe um dia”, confessa. Quanto a planos para o futuro, o jovem prefere viver um dia de cada vez. Tal como o título do documentário, “neste momento, a minha vida é literalmente sem fazer planos do que virá depois” [risos].

Por fim, desafiámos Miguel Pimenta a responder a uma espécie de Questionário de Proust:

Um objeto essencial para o teu dia-a-dia.

Um computador para trabalhar, para editar.

Uma música ou uma banda.

Podia, d’Os Amélia. [risos]

Um filme ou um realizador.

Pay it Forward (2000), de Mimi Leder. Em português, Favores em Cadeia. É um bocadinho lamechas, mas marcou-me muito.

Um livro ou um escritor.

Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago.

Uma série.

Black Mirror.

Um programa de televisão.

Sem fazer Planos do Que Virá Depois. [risos]

Quando for grande, quero ser...

Eu mesmo.


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