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Publicado: 22.12.2025

Em setembro de 2024, teve início a implementação do AI-HED – Artificial Intelligence in Higher Education Teaching and Learning, do qual a ESCS é uma das entidades promotoras. Este projeto europeu é uma iniciativa Erasmus+ que pretende responder a um dos maiores desafios atuais do Ensino Superior: a integração crítica, ética e pedagogicamente fundamentada da Inteligência Artificial (IA) no ensino e na aprendizagem.

Ao fim do primeiro ano de execução, o projeto apresenta resultados concretos relevantes, tanto a nível europeu como no contexto específico da ESCS-IPL.


Um projeto europeu com impacto local
Desde o início, o projeto partiu de uma constatação partilhada: muitos docentes sentiam incerteza face à rápida disseminação das ferramentas de IA, enquanto os estudantes já as utilizavam sem orientações claras. As instituições em toda a Europa encontravam-se em fases muito diferentes de desenvolvimento de políticas neste âmbito, tornando a colaboração e a partilha de conhecimentos ainda mais importantes. O AI-HED surgiu, assim, como um espaço seguro de experimentação, reflexão e aprendizagem conjunta.

O AI-HED é coordenado pela Amsterdam University of Applied Sciences, sendo promovido em parceria com a University of Applied Sciences BFI Vienna, a Universidade de Zagreb e o Instituto Politécnico de Lisboa, através da ESCS. Cada parceiro trouxe conhecimentos especializados distintos — que vão desde a formação de professores e comunicação até pesquisa e análise de dados —, o que se revelou um grande ponto forte do projeto.

Inclusão, acessibilidade e responsabilidade como princípios orientadores
Desde o início, o AI-HED tem sido guiado por um princípio claro: não podemos deixar ninguém para trás.  Por isso, um dos pilares centrais do projeto, e particularmente relevante para a missão da ESCS-IPL, é o compromisso com a inclusão. O projeto envolve docentes de diferentes áreas científicas, gerações e níveis de experiência, promovendo equilíbrio de género e acessibilidade. No caso dos estudantes, a opção recai sobre ferramentas amplamente disponíveis e de baixo custo, evitando que a IA se transforme num novo factor de desigualdade no acesso à educação.

Resultados concretos após o primeiro ano
Entre os principais resultados destaca-se o AI Starter Kit, um recurso prático desenvolvido para apoiar docentes na compreensão da IA e na sua integração pedagógica. Testado em todas as instituições parceiras, o Starter Kit tem contribuído para aumentar a literacia  associada ao tema e para aumentar a confiança dos docentes, ao privilegiar exemplos concretos e aplicáveis.

Em 2025, o projeto dinamizou também sessões de formação e workshops, envolvendo mais de 150 docentes . Estes momentos de trabalho colaborativo permitiram discutir questões centrais para a ESCS-IPL, como ética, avaliação, integridade académica, criatividade e o papel do docente num contexto de ensino apoiado por IA.

Paralelamente, foram definidas 24 unidades curriculares piloto, nas quais a IA foi integrada sem alteração dos resultados de aprendizagem originais, mas como apoio ao processo de ensino — enquanto parceiro de aprendizagem, ferramenta de feedback, apoio à escrita ou instrumento analítico.

Na ESCS, no primeiro semestre deste ano letivo 2025/2026, estão em funcionamento 8 unidades curriculares piloto, envolvendo  docentes de diferentes áreas científicas da Escola.

Da experimentação à evidência pedagógica
Através dos pilotos, estão a ser gerados dados relevantes para a investigação pedagógica. Docentes e estudantes respondem a questionários antes e após as unidades curriculares, e os docentes mantêm diários reflexivos semanais. Esta combinação de dados quantitativos e qualitativos permitirá compreender como a IA é utilizada em diferentes áreas disciplinares, níveis de ensino (licenciatura e mestrado) e contextos institucionais.

Um dos resultados mais evidentes que tem surgido ao longo deste primeiro ano de projeto é a mudança de atitude: a IA deixa progressivamente de ser percepcionada como uma ameaça e passa a ser encarada como uma oportunidade pedagógica, quando enquadrada de forma crítica e responsável.

Olhar para o futuro
O projeto entra em 2026 numa nova fase, que inclui a sistematização de boas práticas, a elaboração de recomendações estratégicas para instituições de Ensino Superior, a publicação de um white paper europeu e o desenvolvimento de um MOOC sobre IA no ensino e aprendizagem, de acesso aberto.

Para a ESCS-IPL, este percurso reforça o posicionamento da escola como instituição atenta às transformações tecnológicas, comprometida com uma integração ética da IA e centrada no desenvolvimento do pensamento crítico, da autonomia e da responsabilidade dos seus estudantes.


Texto gentilmente cedido pela Prof.ª Doutora Tatiana Nunes e editado pelo Serviço de Comunicação (Gabcom).
Fotografia gentilmente cedida pela Prof.ª Doutora Tatiana Nunes