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Publicado: 22.12.2025

No dia 24 de novembro, a ESCS foi palco da terceira edição do evento “Tendências em Relações Públicas para 2026”, organizado pelos estudantes do primeiro ano do Mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas (GERP), no âmbito da unidade curricular de Estratégia em Relações Públicas, A sessão, coordenada pela Prof.ª Doutora Andreia Garcia e moderada pelas estudantes Mariana Alves e Susana Trindade, contou com quatro profissionais da área, que trouxeram as suas perspetivas sobre a Inteligência Artificial, Comunicação interna, Fake News, Relações Públicas na esfera governamental e Transformações digitais.

A Coordenadora do Mestrado, Profª Doutora Sandra Pereira, foi quem deu início à palestra, dando as boas-vindas aos convidados e ao público presente, e destacando a relevância desta iniciativa prática na formação dos alunos de GERP.

A mesa-redonda reuniu profissionais com experiências distintas que marcam o presente e moldam o futuro da disciplina das Relações Públicas. O painel de convidados foi composto por Isabel Tadeu (Chefe da Divisão de Proximidade do Governo e Relações Públicas da Secretária-geral do Governo), Marlita Carneiro (Consultora de RP na Adagietto e Mestre em GERP), Patrícia Miranda Corrêa (Head of Digital Communications na LPM Comunicação) e Rui Barreto (Gestor de Comunicação Interna na A Padaria Portuguesa). 


A Inteligência Artificial surgiu como um dos fios condutores da discussão. Patrícia Miranda Corrêa destacou o impacto crescente destas ferramentas no dia-a-dia das equipas digitais, admitindo que tudo ficou mais rápido, mas que existe uma maior responsabilidade no rigor e na verificação de fontes. 

Marlita Carneiro, trouxe uma perspetiva centrada na criatividade como motor estratégico das Relações Públicas. Defende que, num cenário mediático saturado e competitivo, a diferenciação é essencial - “hoje em dia tudo se comunica, todas as pessoas querem aparecer (...), portanto temos, de facto, de ser diferentes”. Sublinhou, ainda, que o papel dos consultores passa por orientar os clientes com sentido crítico, encontrando o equilíbrio entre as abordagens tradicionais e os novos meios tecnológicos. Para a consultora da Adagietto, a capacidade de arriscar de forma informada e contextualizada é cada vez mais decisiva no meio.

Rui Barreto trouxe uma perspetiva interna das organizações, explicando como a comunicação com os colaboradores é um elemento determinante na reputação de uma empresa. O gestor da comunicação interna da A Padaria Portuguesa reforça que nesta área “temos de falar com a verdade”, e recorda que muitos dos desafios da marca começam “à distância de um balcão”, sublinhando a pressão diária vivida pelas diferentes equipas e o desafio que é entregar uma mensagem clara.


No contexto governamental, Isabel Tadeu destacou a especificidade e exigências das Relações Públicas no setor público, sublinhando que o trabalho é inevitavelmente moldado por mudanças políticas e por uma forte pressão. A Chefe da Divisão de Proximidade do Governo explicou que a cada mudança governativa existe sempre uma rutura, exigindo mudanças de transição a novas orientações e equipas. A oradora salientou ainda que a atuação em contexto governativo é permanentemente acompanhada pela comunicação social e afirmou de forma clara: “o nosso serviço está sistematicamente a ser observado e esmiuçado”. 

Um dos temas que gerou mais consenso entre os oradores foi o impacto da desinformação e a velocidade com que as crises comunicacionais se desenvolvem nas redes sociais. Patrícia Corrêa frisou a necessidade de monitorização constante e relações sólidas com os jornalistas. Marlita Carneiro concordou e acrescentou que “há crises que nascem das redes sociais cada vez mais", e que esse é um grande desafio. Uma vez que “as crises não podem, infelizmente, ser evitadas” - frisa a Mestre em GERP - o profissional de RP deve tentar antecipar-se e agilizar o processo.

O evento encerrou com um momento de perguntas e respostas, em que os profissionais deixaram vários conselhos aos estudantes e futuros especialistas da área. 
Isabel Tadeu reforçou a importância de se manterem informados e de lerem regularmente jornais e livros, afirmando - “temos de ser pessoas cultas, atentas, informadas, com capacidade de distinção do que é certo e errado”. Patrícia Moreira Corrêa reforçou que a curiosidade é uma competência indispensável. Já Rui Barreto incentivou os jovens a não terem medo de arriscar e reforçou “vocês só vão ser novos uma vez”. Por último, Marlita Carneiro referiu a importância de explorar as diversas especializações das Relações Públicas. 


Embora existam diferentes perspetivas sobre o futuro das Relações Públicas – com Isabel Tadeu mais cautelosa e Patrícia Corrêa mais otimista – os quatro convidados concordaram que as Relações Públicas continuarão a desenvolver um papel importante enquanto existirem organizações, públicos e a necessidade de criar relações de confiança

A terceira edição do evento reafirmou não apenas a vitalidade da área, mas também a importância de formar profissionais preparados para um ecossistema comunicacional em constante mudança.


Texto da autoria das estudantes Daniela Cristo e Luísa Jalles.
Fotografias da autoria de Ana Oliveira, Patrícia Pessoa e Sérgio Henriques.