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Projeto Editorial

A revista Comunicação Pública é um novo projeto editorial para o campo científico, académico e profissional, da comunicação. Não apenas mais um projeto que venha ampliar os meios já existentes neste domínio, mas um espaço de publicação concebido com a pretensão de acolher trabalhos de investigação, ensaios teóricos e notas críticas que, independentemente da diversidade de perspetivas, linguagens, contextos e objetivos que os caracterizem, façam das formas de comunicação o seu objeto comum É esta a tradição da Escola Superior de Comunicação Social e a marca de originalidade que queremos conferir ao nosso projeto editorial.

A escolha do título Comunicação Pública reveste-se dessa intencionalidade programática. Sempre que somos confrontados com um objeto complexo, como é a “comunicação”, torna-se necessário proceder a um conjunto de delimitações que, mesmo quando são parciais e discutíveis, nos permitem contudo balizar e definir os nossos próprios percursos e propósitos, em termos de reflexão e de produção teórica. Porquê então o nome Comunicação Pública e não um outro qualquer mais próximo talvez das formas institucionalizadas de designar o fenómeno e do seu entendimento comum? A noção de “comunicação de massa”, tradução direta e imediata da expressão anglo-saxónica mass communication, é claramente herdeira de uma outra expressão, a de mass media, residindo precisamente nesta relação uma das suas maiores fragilidades. Em geral, e abstendo-nos de considerações ou definições específicas de um ou outro autor, o conceito de meios de comunicação de massa remete-nos para processos comunicacionais em larga escala caracterizados pela difusão de mensagens de um determinado centro emissor para uma pluralidade de recetores, difusão esta baseada em processos mecânicos e essencialmente eletrónicos. Parecem assim excluídos desta definição os processos comunicacionais interpessoais e de pequeno grupo inscritos em estratégias de comunicação pública, processos presenciais ou que recorrem a instrumentos de contacto à distância. Toda a grande área, por exemplo, das relações públicas, da comunicação organizacional e grande parte da comunicação corporativa ficariam assim, a priori, excluídas. Hipoteticamente poderíamos ainda considerar uma outra expressão, a de “comunicação social”, mas encontraríamos problemas semelhantes. A expressão “comunicação social” prende-se, também ela, em primeiro lugar, com os chamados meios de comunicação social, entendendo-se por tal, essencialmente, os meios responsáveis pela difusão de mensagens em grande escala.

Sob a designação de “comunicação pública” podemos abarcar mais explicitamente não só diferentes contextos de comunicação – interpessoal, grupal, organizacional, comunitário e social – como diferentes arenas geopolíticas – local, regional, nacional e internacional. E podemos ainda englobar os vários subsistemas especializados de atividade que, de uma forma profissional e organizada, repartem entre si a função social de levar até aos mais variados públicos todo o tipo de mensagens na contemporaneidade.

Dentro deste projeto, qualquer artigo, independentemente do seu objeto e/ou abordagem metodológica, deve oferecer uma contribuição significativa para a interpretação teórica ou para o conhecimento empírico e aplicado da comunicação, entendida nesta sua aceção mais ampla. Naturalmente, uma vez que as chamadas “ciências da comunicação” são uma área de cariz multifacetado e multidisciplinar, a Comunicação Pública não privilegia nenhum domínio científico ou paradigma teórico, desde que as análises a partir deles produzidas possam oferecer um contributo ao desenvolvimento, à compreensão e à construção de uma teoria da comunicação humana. Assumindo que pela sua natureza esta é uma área em que a delimitação de fronteiras entre disciplinas é muitas vezes artificial, a Comunicação Pública acolhe de bom grado contribuições da antropologia, da sociologia, da psicologia, da economia, da filosofia, da ciência política, da matemática e da estatística, da informática e da cibernética, da linguística, da neurofilosofia e da neuropsicologia para a explicação desse fenómeno consensualmente reconhecido mas dificilmente conhecido que é a comunicação humana. São igualmente do maior interesse para esta publicação todos os trabalhos direcionados sobretudo para abordagens comunicacionais mais aplicadas, como a comunicação organizacional, a comunicação de marketing, o jornalismo, o estudo dos meios, as relações públicas, a publicidade ou toda a área das novas tecnologias audiovisuais e multimédia.

Os promotores deste projeto identificam-se com uma comunidade educativa que é a Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, mas têm desde a primeira a hora a vontade de criar uma revista aberta à participação de todos os que estudam a comunicação e escrevem sobre ela. Basta que se revejam neste projeto e queiram contribuir para ele com os seus textos e propostas originais.